Histórias de Jovens Pescadores
David Caçoila, 36 anos, casado, um filho, é homem do mar desde que se conhece. Aprendeu com pai a gostar do mar, sobretudo na apanha da alga, em São Martinho do Porto, onde ainda vive.
Esta experiência levou-o, com naturalidade, à Marinha, onde foi Mergulhador da Armada Portuguesa durante 3 anos. Ganhou os conhecimentos que lhe permitem hoje ser um profissional do mar.
E foi nessa condição que recorreu a um apoio do Mar2020, sem o qual não conseguiria adquirir uma embarcação, já com licença, para desenvolver a sua própria atividade, que reparte entre a pesca, a apanha da alga e o mergulho profissional.
Ao mergulho profissional já dedica menos tempo. Participou em muitas obras, das quais recorda com carinho, a doca seca da Nazaré, porto onde o seu barco está agora fundeado.
A apanha da alga ocupa-lhe 30 dias por ano e fá-la nas águas de São Martinho do Porto. As condições do mar nem sempre são as melhores e a apanha só se pode fazer de julho a novembro. No seu barco vão 8 pessoas. 6 mergulham e 2 dão o apoio necessário. É uma equipa grande, porque precisam de tirar o maior partido possível de todos os momentos que o mar lhes dá. Fazem-no em mergulho semiautónomo, isto é, com fato e máscara e com apoio de oxigénio a partir de um compressor certificado e específico para o efeito.
Sobre a pesca, diz ser uma atividade apenas para quem gosta e que está cada vez mais difícil. Não por causa da faina em si, mas porque sente que os recursos são cada vez mais escassos e porque há quem tenha muitas artes, que criam limitações aos pescadores mais pequenos que acabam, também, por estar mais limitados devido à imprevisibilidade das condições do mar. Destaca que este inverno que passou foi muito rigoroso, mas que vai dando para ele, um irmão e um ou dois ajudantes organizarem a sua vida.
Para memória futura, guarda um encontro recente que teve com um tubarão. Um bicho com 3,5 m e que mete muito respeito. E não é coisa de filmes de Hollywood.