Calendário do advento Mar 2020 – galeão do sal “Estou Para Ver”, uma das nossas estrelas a visitar

A cada dia fazemos brilhar uma das nossas estrelas: os projetos que em todo o país estão a ser concretizados com o apoio deste programa!

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O antigo galeão do sal "Estou Para Ver" regressou a Cascais, com o Mar 2020 a ancorar os custos da sua reabilitação. Depois de dois anos de restauro no estaleiro Jaime Costa localizado em Sarilhos Pequenos, na Moita – o último estaleiro para embarcações tradicionais do Tejo -, a requalificação foi feita através do modelo de construção naval tradicional e uma estrutura que envolveu o desmantelamento da cabine, convés e costado, mas também a substituição da cabine e cavernas, rota de proa, sobrequilha e quilha. A embarcação tem agora novos equipamentos de navegação, comunicação e segurança, bem como um motor que permite transportar até 40 passageiros e tripulação.

 

Quase perdido por completo, o "Estou Para Ver" - com 8,52 metros de comprimento, 4,90 metros de boca e 1,33 metros de pontal - é uma das poucas embarcações tradicionais portuguesas que se encontram a navegar nos dias de hoje. A partir dos anos de 1970, grande parte destes galeões foram abandonados, encalhados nas margens ou transformados em barcos de recreio, uma vez que se perderam as suas utilidades comerciais. Contudo, esse não foi o caso do "Estou para ver".

Foi inicialmente averbado para construção a 26 de dezembro de 1919, em Setúbal, e destinava-se à pesca do cerco - que consiste na utilização de uma grande rede -, ficando na altura registado como galeão à vela e remos e com o nome "Natal". Mas foi em 1923 que Silvério António Tavares o converteu em galeão de sal pela Cooperativa de Pesca Liberto e Libertário Lda., passando a ter o seu nome atual: "Estou Para Ver."

O galeão foi depois adquirido em 1981 por Philippe Mangeot que o levou para a Bretanha, onde recebeu o seu primeiro motor e cabine de proteção, seguindo para o Mediterrâneo e Mar Vermelho. Já em 1994 regressou às suas origens, em Portugal, onde foi comprado por Raul Carregoso, que o registou na Delegação Marítima do Barreiro, tendo sido posteriormente adquirido em 2003 pela Câmara Municipal de Cascais. Durante dez anos, ao serviço do município e da comunidade local, serviu de escola da arte de marear, desempenhou funções turísticas e visitas de estudo das escolas do concelho. Em 2013 todas as atividades foram suspensas por falta de condições de navegabilidade.

Trata-se de uma embarcação histórica que mantém a traça original e que está agora apto para realizar arqueologia subaquática e, em parceria com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), irá analisar o impacto das alterações climáticas na biodiversidade abaixo da superfície.

Num futuro próximo, ficará ligado ao Museu do Mar Rei D. Carlos, sob a gestão da Fundação D. Luís I, que o disponibilizará para passeios temáticos, conferências e expedições científicas a bordo, direcionadas para instituições de ensino, coletividades e turistas.

A cada dia fazemos brilhar uma das nossas estrelas: os projetos que em todo o país estão a ser concretizados com o apoio deste programa!

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