Cavalos-marinhos em recuperação na Ria Formosa – uma parceria entre cientistas e pescadores apoiada pelo Mar 2020

Durante a última década, as populações de cavalos-marinhos da Ria Formosa sofreram um grande decréscimo devido a vários fatores decorrentes da atividade humana na ria, o que levou à criação do Grupo para a Salvaguarda e Conservação da Populações de Cavalos Marinhos da Ria Formosa. Este grupo inclui todas as instituições locais e nacionais que podem contribuir para a mitigação dos danos sofridos e propor e implementar medidas de conservação para o restabelecimento das populações de cavalos-marinhos na ria Formosa.

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Uma das primeiras medidas criadas por este grupo foi a implementação de áreas de refúgio também conhecidas como zonas de santuário para os cavalos-marinhos. Numa parceria entre este grupo e as associações de pescadores locais foram criadas duas áreas marinhas de refúgio, uma na zona da Culatra (contígua ao Canal de Olhão) e outra no esteiro da Geada (contíguo ao Canal de Faro). Com a criação destas áreas pretendeu-se contribuir para a total proteção destas espécies, mas também avaliar sua utilidade, e com isso a eventual necessidade de multiplicar estas áreas e criar assim uma rede de proteção de proximidade reduzida, fator determinante para a biologia destas espécies. A monitorização das populações de cavalos-marinhos da ria Formosa, bem como das áreas de refúgio foram realizadas através do projeto HIPPOSAVE, apoiado pelo MAR2020, da Universidade do Algarve.

Em 2022 foi registado um aumento significativo da população destas espécies (seis vezes superior face às campanhas de 2020 e 2021). Apesar ter sido verificado que em alguns dos 25 locais monitorizados, os cavalos-marinhos ainda se encontravam ausentes ou presentes em números reduzidos, noutros locais foi observado um aumento significativo.

Numa das Áreas de Refúgio foi ainda feita uma intervenção piloto de requalificação ambiental (igualmente operada no âmbito do projeto HIPPOSAVE) com recurso a estruturas artificiais. Nesta área verificou-se uma maior abundância de cavalos-marinhos que atingindo o seu pico de ocorrência, teve uma abundância 100% superior à da zona envolvente. Este facto permitiu concluir que a implementação destas áreas é por si só benéfico para estas espécies, mas torna-se ainda mais relevante quando conjugada com a existência de um habitat adequado.

A melhoria nos valores de abundância destas espécies é por si um resultado muito positivo e encorajador para a conservação do cavalo-marinho, o aumento da biodiversidade e proteção dos valores naturais.

* In Algarve 7

 

Mar 2020: faz acontecer com sustentabilidade!

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